Inteligência artificial uruguaia devolve a cor a obras perdidas de Joaquín Torres García

Engenheira uruguaia lidera projeto que aplica inteligência artificial para restaurar as cores originais de obras desaparecidas do mestre construtivista
Data de publicação: 15/10/2025
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Em um trabalho conjunto entre o Museu Torres García e a Universidade da República, a engenheira uruguaia Rosana García lidera um projeto que combina ciência, tecnologia e arte para restaurar cromaticamente obras perdidas de Joaquín Torres García por meio da inteligência artificial, publicou o semanário Búsqueda em uma nota intitulada “Restauração cromática com inteligência artificial de obras de Joaquín Torres García”.

O projeto parte de uma das maiores perdas patrimoniais da arte uruguaia: o incêndio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1978, que destruiu mais de 70 peças do artista — entre elas os murais realizados para o Hospital Saint Bois —, juntamente com obras de Picasso, Dalí e Miró. Décadas depois, a tecnologia oferece uma nova maneira de reviver as cores originais dessas obras.

O ponto de partida foi uma filmagem em preto e branco de uma retrospectiva de Torres García realizada em 1974 pelo antigo Instituto de Cinematografia da Universidade da República. Embora o áudio pudesse ser restaurado, a cor havia sido perdida. A partir dessas imagens, os professores Gregory Randall e Lara Raad, da Faculdade de Engenharia, começaram a trabalhar em modelos de aprendizado profundo capazes de recuperar os tons originais.

Sob sua orientação, Rosana García desenvolveu sua tese de mestrado em restauração cromática de imagens de arte. Para isso, ela treinou modelos de inteligência artificial com milhões de imagens pictóricas, buscando recriar a paleta de Torres García com a maior fidelidade possível.

Ciência, patrimônio e colaboração

A equipe interdisciplinar — integrada também pelo antropólogo Carlos Serra e pelo diretor do museu, Alejandro Díaz — uniu conhecimentos de engenharia, arte e conservação. O trabalho de reconstrução insere-se em uma linha de pesquisa que já permitiu ao museu recriar o mural “Pax in lucem”, destruído no incêndio de 1978, e desenvolver experiências imersivas com realidade aumentada para visualizar as obras desaparecidas.

Agora, o Museu Torres García prepara um livro e um aplicativo interativo que incluirão os resultados do processo de colorização e permitirão ao público experimentar os modelos de inteligência artificial.

García apresentou os avanços de sua pesquisa no “Ingeniería deMuestra”, o evento anual de divulgação científica da Faculdade de Engenharia, nos dias 10 e 11 de outubro, onde os visitantes puderam testar o aplicativo que ela usa para devolver a cor às obras do mestre.

Fonte: “Restauração cromática com inteligência artificial de obras de Joaquín Torres García”, por Silvana Tanzi, publicado em Búsqueda, outubro de 2025.


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Arte
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