Compradores internacionais elogiam a qualidade, proximidade e flexibilidade da indústria alimentícia uruguaia

Mais de 70 empresas uruguaias do setor de alimentos e bebidas se reuniram com referências comerciais da América Latina e dos Estados Unidos em um evento organizado pela Uruguay XXI e pela CIU
Data de publicação: 08/08/2025
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Durante dois intensos dias, 13 compradores internacionais se reuniram para conhecer de perto o que o Uruguai tem a oferecer em matéria de alimentos e uma indústria que, como disse o presidente da Câmara da Indústria (CIU), Leonardo García, “é o reflexo do nosso país”.

A rodada de negócios internacionais, organizada pela Uruguay XXI e pela CIU, reuniu mais de 70 empresas uruguaias do setor de alimentos e bebidas com representantes de redes e distribuidoras da América Latina e dos Estados Unidos em mais de 300 reuniões de negócios. Foi o ponto de encontro entre aqueles que buscam se diferenciar em prateleiras cada vez mais exigentes e um país que fez da qualidade e da confiança sua bandeira de exportação.

“Estamos muito felizes por terem confiado neste convite”, disse Adrián Míguez, diretor nacional de Indústrias, ao abrir o evento. “Vocês encontrarão uma diversidade de produtos muito importantes. E, acima de tudo, uma indústria com capacidade para produzir muito mais. Se não encontrarem exatamente o que procuram, conversem com o produtor: o Uruguai tem flexibilidade para desenvolver novos produtos”.

Martín Mercado, vice-diretor executivo da Uruguay XXI, destacou o valor do modelo colaborativo: “Gostamos desse esforço público-privado que fazemos no Uruguai. São dois dias intensos de intercâmbio para conhecer nossos produtos e nos conhecermos uns aos outros”.

O pontapé técnico foi dado por Analía Bello, especialista em exportações do setor alimentício da Uruguay XXI, que apresentou um roteiro claro. 60% das exportações industriais do país correspondem a alimentos e bebidas; mas, além do volume, o que define a oferta uruguaia é sua combinação de atributos baseados em rastreabilidade, produção sustentável, padrões internacionais e uma abertura comercial que permite chegar a mais de 167 mercados.

“O Uruguai oferece alimentos naturais e seguros, com origem conhecida, práticas agrícolas sustentáveis e baixa pegada de carbono”, explicou Bello.

Compradores em busca de identidade, valor agregado e proximidade

Os depoimentos dos compradores internacionais destacaram a qualidade dos produtos, a facilidade logística, a disponibilidade para adaptar receitas e normas e o perfil inovador da indústria local.

“Estou muito surpresa com o país que vocês têm”, confessou María Victoria Pozzoni, do Pampa Group (Estados Unidos), em sua primeira visita ao Uruguai. Com experiência na distribuição de marcas como Conaprole e Los Nietitos, entre outras, ela destacou a solidez técnica dos produtores locais. “Todos com quem me reuni têm fábricas com algum método de verificação de segurança alimentar. Isso, para importadores nos Estados Unidos, onde a FDA é muito exigente, é fundamental”.

Do Brasil, Giovanna Guilhen (DOMAZZI S.A.) concordou: “A qualidade dos produtos uruguaios é muito boa, e os preços também são competitivos. Estou surpresa com a variedade que vi hoje. Atualmente, trabalhamos apenas com vinhos e doces de leite, mas há um mar de novas possibilidades para fazer negócios”.

Do Paraguai, Matías Ordeix, da Capefar S.A., participou pela primeira vez com o objetivo de diversificar seu portfólio gourmet. “O Paraguai está crescendo e há um grupo que pode perfeitamente comprar produtos premium. Hoje importamos muitos produtos da Europa, mas queremos ver se podemos encontrar qualidade a bons preços mais regionalmente. O Uruguai tem uma reputação de qualidade comprovada”, opinou.

Essa amplitude na oferta também impressionou Jesús Higueras, da SMU The Sucseed (Chile), que veio em busca de leite em pó e arroz, mas encontrou muito mais. “Fiquei surpreso com produtos como as pizzas de massa fermentada. Eu tinha estado nos Estados Unidos procurando pizzas congeladas e esse tipo de produto aqui chama muito a atenção”, disse.

Higueras também destacou uma característica estrutural pouco visível, mas diferenciadora. “Aqui estão acontecendo coisas que também ocorrem no Chile: famílias menores, formatos menores. Vocês inovaram muito em tecnologias de embalagem. A possibilidade que vocês têm de adaptar formatos diferentes não é muito comum no mercado. É aí que está o seu ponto forte”, considerou.

A percepção positiva não se baseou apenas no produto. Também na atitude do empresariado local e no Uruguai como um parceiro sólido para os negócios. “São pessoas muito calorosas, muito simpáticas, muito abertas a negociar, a apoiar em tudo”, disse Sonia Camacho (Monalisa Internacional, Paraguai), que participou pela segunda vez da rodada. E ela não foi a única a destacar essa abertura. Giovanna Guilhen também a destacou: “é fácil negociar, eles estão abertos a fazer mudanças na legislação, na documentação, em tudo o que precisamos”.

Isadora Vallejo (Peru) contribuiu com uma visão complementar a partir de sua experiência com a empresa uruguaia Pagnifique. “É super positivo encontrar fornecedores dispostos a modificar suas receitas para se adaptar à normativa de um país específico. Tivemos muita sorte com eles”, indicou.

Vallejo também destacou a vantagem comparativa do Uruguai em relação aos fornecedores europeus. “Trazer daqui é muito mais rápido do que trazer da Europa, que seria a concorrência mais direta que eles poderiam ter”, avaliou.

Para aqueles que já trabalhavam com o Uruguai, o vínculo se consolida. “Temos carne uruguaia em nossas prateleiras sob a marca UruBeef. Escolhemos as fábricas de onde trazemos”, explicou David González, também do Peru, que agora busca trabalhar diretamente com frigoríficos.

Em muitos casos, os produtos uruguaios já conquistaram um lugar na imaginação do consumidor. “Muitos são produtos nostálgicos”, explicou Pozzoni, que planeja incorporá-los ao seu canal de comércio eletrônico na Amazon. “Para o meu mercado, lá nos Estados Unidos, o produto uruguaio funciona muito bem”, acrescentou.

A avaliação da rodada foi tão positiva quanto a dos produtos. “Acho uma dinâmica muito boa”, avaliou Sonia Camacho, que costuma participar de rodadas em outros países. “Dá tempo de registrar tudo, sem ficar correndo de um lado para outro, o que toma muito tempo”.

Jesús Higueras também elogiou a organização: “Gostei que em outras feiras eles compilam por tema e a gente acaba exausto. Aqui é rotativo, é dinâmico. E os produtos têm um valor agregado que eu não esperava. Estou indo embora muito impressionado”.

Mesmo aqueles que vieram pela primeira vez, como Ezequiel González Bande, da Cencosud (Argentina), destacaram não só a qualidade do produto uruguaio, mas também a proximidade cultural e a facilidade de se relacionar com os empresários locais.

“O Uruguai, como parceiro comercial, é um país com o qual gostamos de trabalhar. [...] O empresário uruguaio inspira muita confiança, muita segurança, muito diálogo constante”, disse ele.

González também traçou uma comparação direta com outros países da região. “Ao contrário de outros países da América do Sul, que são mais voltados para o volume ou o preço, o Uruguai tem uma produção muito premium. Mais do que tudo no que se refere a embalagens, sem falar em doces de leite e produtos congelados”, considerou.

Giovanna Guilhen foi ainda mais longe, comparando com referências tradicionais europeias: “vi pizzas congeladas com um prazo de validade muito longo e uma qualidade superior em comparação com a Europa”.

Exportar confiança

A rodada de negócios confirmou que o Uruguai não exporta apenas alimentos, mas também uma forma de produzir que combina tradição, inovação, rastreabilidade e uma cultura de negócios confiável.

A palavra “confiança” — repetida por todos os participantes — resume o que os compradores de sete países viram em Montevidéu: um país que aposta no valor agregado, que ouve as necessidades do mercado e que oferece uma plataforma ágil, sustentável e humana para o comércio internacional de alimentos.

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“O Uruguai tem uma produção premium, sobretudo em embalagens, doces de leite e vinhos. Em outros países, o foco é o volume, enquanto aqui se dá atenção aos detalhes”. Ezequiel González


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