Eywa Biotech: inovação uruguaia que atrai o Vale do Silício e redefine o futuro da saúde mental

Em um ecossistema que consolida o Uruguai como hub regional de inovação biotecnológica, a startup Eywa Biotech acaba de marcar um novo marco: fechou uma rodada de investimentos de US$ 2,5 milhões liderada pelo lendário investidor americano Tim Draper, conhecido por apostar desde cedo em empresas como Tesla, SpaceX, Skype e Coinbase.

A notícia, publicada pelo Ámbito e La Nación, reafirma a crescente atratividade do país para o capital internacional no campo das ciências da vida.

Fundada em Montevidéu em 2022 pela cientista uruguaia Paola Rodríguez Camarot e pela argentina Victoria Costa Paz, a Eywa Biotech desenvolve compostos psicodélicos de grau clínico, como a psilocibina, destinados ao tratamento de doenças mentais como depressão resistente, ansiedade e estresse pós-traumático.

“O fato de uma referência como Tim Draper liderar esta rodada em uma startup latino-americana fundada por mulheres envia um sinal poderoso: o futuro da ciência pura e da saúde mental também pode ser construído a partir daqui”, disse Costa Paz em entrevista ao La Nación.

Uma biotecnologia uruguaia com impacto global

A Eywa opera seu laboratório principal no Uruguai, onde uma equipe de 13 cientistas desenvolve um processo biotecnológico sustentável que permite produzir moléculas psicoativas sem depender da extração de fungos naturais, reduzindo custos e tempos de produção em até cinco vezes em relação aos métodos tradicionais (Ámbito).

Seu modelo combina biologia sintética, engenharia genética e sustentabilidade, alcançando ciclos de biossíntese de um ou dois dias com padrões farmacêuticos (GMP). A empresa já assinou cartas de intenção com farmacêuticas e centros de pesquisa na América Latina, América do Norte e Austrália, onde o uso médico da psilocibina está avançando rapidamente.

“Este financiamento nos aproxima de um objetivo maior: democratizar o acesso a terapias que transformam a vida de milhões de pessoas”, afirmou Costa Paz ao jornal Ámbito. “Queremos que, quando a psilocibina for aprovada em mais países, a Eywa Biotech seja sinônimo de qualidade, confiança e sustentabilidade”.

Uruguai: plataforma confiável para as ciências da vida

A decisão de instalar a operação científica da Eywa no Uruguai não foi casual. O país oferece infraestrutura científica avançada, talentos qualificados e incentivos à inovação que o consolidaram como um centro de negócios regional para as indústrias farmacêutica, biotecnológica e de saúde animal.

Mais de 50 fábricas, 20 empresas farmacêuticas e centros de pesquisa de prestígio — como o Instituto Pasteur de Montevidéu, a Universidade da República, o Parque Científico e Tecnológico de Pando ou o IIBCE — compõem um ambiente onde ciência e empresa coexistem em um modelo de inovação aberta.

O Uruguay Innovation Hub (UIH) também apoiou a Eywa com um coinvestimento junto ao fundo The Ganesha Lab, contribuindo com US$ 100.000 sob o esquema de matching funds para potencializar o desenvolvimento de compostos para saúde mental (Ámbito).

Essas condições explicam por que empresas internacionais escolhem o país como base regional e por que mais de 30 startups biotecnológicas uruguaias hoje desenvolvem soluções em saúde humana e animal, fortalecendo a posição do país como plataforma confiável para a inovação científica global.

Um olhar para o futuro

Com os fundos obtidos, a Eywa planeja aumentar sua produção industrial para 200 litros, validar seu processo com certificação GMP, desenvolver novas patentes e expandir comercialmente para a América Latina, América do Norte, Europa e Austrália, segundo informou o jornal La Nación.

“A saúde mental é um desafio global: milhões de pessoas precisam de novas soluções, mas os tratamentos tradicionais nem sempre são suficientes. Com a psilocibina de grau clínico, buscamos abrir um novo capítulo no cuidado da saúde mental: acessível, sustentável e humano”, resumiu Costa Paz ao Ámbito.

Desde seu laboratório em Montevidéu, a Eywa Biotech simboliza a nova geração de empreendimentos que nascem no Uruguai para competir na fronteira da ciência e atrair capital de risco de classe mundial.

Seu caso, juntamente com o de outras empresas como a MetaBIX Biotech, demonstra que o país não apenas exporta inovação, mas também é um centro confiável para negócios com acesso a talento científico.