O espírito do Maracanazo revive no Japão: o Uruguai celebra sua façanha eterna na Expo Osaka 2025

Em 16 de julho de 1950, em um estádio Maracanã repleto de esperança brasileira, onze uruguaios forjaram uma lenda que atravessou gerações. Naquele dia, o “Maracanazo” deixou de ser apenas um jogo de futebol para se tornar um símbolo nacional. Hoje, 75 anos depois, essa mesma história se projeta a 18.000 quilômetros de Montevidéu, em Osaka, onde o pavilhão do Uruguai na Expo Universal 2025 prestou homenagem a um dos capítulos mais gloriosos do esporte mundial, quando o Uruguai silenciou o Maracanã e o mundo ao vencer o Brasil por 2 a 1 na final da Copa do Mundo. Aquele episódio não só marcou uma página de ouro na história do futebol, mas também forjou parte da identidade nacional uruguaia: a famosa “garra charrúa”, aquele espírito resiliente, coletivo e silencioso que transforma o impossível em possível.

Em Osaka, a comemoração combinou tecnologia, conteúdo histórico e símbolos culturais. Um quiz interativo promovido pelo Plan Ceibal permitiu que adultos e crianças testassem seus conhecimentos sobre a Copa do Mundo de 1930 — quando o Uruguai foi o primeiro campeão mundial — e sobre aquele jogo histórico de 1950. A proposta não foi apenas divertida: ela educou e conectou gerações.

Além disso, os visitantes puderam desfrutar de uma seleção de conteúdos audiovisuais especialmente selecionados para a ocasião. Entre eles, destacaram-se os vídeos de saudação enviados por Diego Forlán, ídolo contemporâneo do futebol uruguaio, e materiais exclusivos desenvolvidos pela Tenfield. O ponto alto ficou por conta do jornalista Sergio Gorzy, que cedeu imagens restauradas da final, com os gols inesquecíveis que selaram a quarta estrela mundial do Uruguai.

Como lembrança, os participantes da atividade receberam souvenirs comemorativos, entre eles uma lata de corned beef especialmente projetada para a data.

Futebol, identidade e estratégia do país

Longe de ser apenas uma homenagem esportiva, esta ativação faz parte de uma narrativa mais ampla: a do Uruguai como um país que projeta sua identidade no mundo com inteligência cultural e emocional. No Japão, onde o futebol sul-americano goza de um prestígio especial, a história do Uruguai como berço de campeões e exportador de talentos conecta-se com um público fascinado pela paixão, pela história e pelos valores do esporte.

A relação com o Brasil — adversário e parceiro — também teve seu lugar simbólico. Se no campo de jogo há uma rivalidade lendária, no plano comercial e estratégico, o Uruguai e o Brasil compartilham alianças que transcendem os gols. Na Expo, essa dualidade ganhou um novo significado: o Maracanazo não divide, une. E nessa união, ambos os países projetam sua identidade regional para o público asiático.

O pavilhão do Uruguai já ultrapassou 1,5 milhão de visitas, consolidando-se como um dos espaços mais concorridos da exposição, que acumula mais de 8 milhões de visitantes desde sua inauguração em abril. Por trás desse sucesso, há uma estratégia que combina tradição, inovação e uma diplomacia pública sensível, capaz de construir pontes entre culturas aparentemente distantes, mas unidas por valores comuns.

A façanha do Maracanã continua viva em cada história que o Uruguai compartilha com o mundo. Em Osaka, o passado glorioso se tornou uma plataforma para o presente e uma narrativa que atravessa gerações e fronteiras.