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“O Uruguai é o anfitrião ideal para a inovação financeira”
Montevidéu sediou a 11ª edição do P2P Financial Systems (P2PFISY), onde referências internacionais e autoridades locais destacaram a estabilidade e o marco regulatório do país como base para o futuro das finanças digitais
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Em Montevidéu, “uma cidade cujo horizonte se volta tanto para o Rio da Prata quanto para o mundo”, nas palavras do economista digital Paolo Tasca, foi realizada a 11ª edição do P2P Financial Systems (P2PFISY). Tasca, cofundador da Exponential Science Foundation e criador deste workshop internacional que, desde 2015, reúne reguladores, acadêmicos e inovadores do setor, foi o responsável por abrir o encontro. Durante dois dias, o workshop global reuniu banqueiros centrais, acadêmicos, tecnólogos e empreendedores da América Latina e de outras regiões, com o apoio do Banco Central do Uruguai (BCU), da Faculdade de Ciências Econômicas e de Administração (FCEA) da Universidade da República e da Exponential Science Foundation.
“Para um país pequeno como o nosso, é muito importante ter esses espaços de trabalho, discutir livremente e nos colocarmos na corrente principal do conhecimento”, afirmou Julio Sanguinetti, diretor do BCU, na abertura. Da FCEA, o reitor interino Carlos Bianchi destacou a importância do encontro: “Este evento é um marco porque cruza inovação financeira com capacidades de ciência e empreendedorismo”.
Paolo Tasca: Uruguai como laboratório de confiança
Na abertura, Paolo Tasca explicou por que o Uruguai foi escolhido como sede desta edição. Ele destacou a estabilidade do país, seu marco institucional e os avanços na inclusão digital, afirmando que a escolha “não foi por acaso, mas uma decisão deliberada”.
“O Uruguai é o anfitrião ideal para a edição deste ano do P2PFISY”, afirmou Tasca ao inaugurar o workshop. E precisou: “Não apenas por sua agenda progressista em finanças digitais, mas também pelo compromisso ativo do Banco Central e da FCEA na construção de políticas monetárias inclusivas e voltadas para o futuro”.
Para o economista, o país reúne condições que o tornam um terreno fértil para a inovação. “É uma economia estável, com baixa inflação e tamanho adequado para servir como campo de testes. Aqui, os setores público e privado podem trabalhar juntos para lançar novos modelos que depois se expandam pela região”, disse.
Em sua análise da trajetória uruguaia, Tasca destacou marcos como a Lei de Inclusão Financeira de 2014, que impulsionou a digitalização de pagamentos recorrentes às famílias; o avanço no governo digital, com o salto do país da 35ª para a 25ª posição no ranking das Nações Unidas de 2024; e a incorporação do sistema de pagamentos rápidos Toke, lançado em setembro de 2024, que no primeiro semestre daquele ano já havia registrado mais de nove milhões de transferências interbancárias instantâneas, superando o total de 2023.
“O Uruguai não está tentando se atualizar, está marcando o passo”, afirmou Tasca. E ressaltou que “essas conquistas são condições necessárias para escalar finanças digitais seguras e inclusivas”.
“A infraestrutura não é opcional; é soberania. Os países que construírem sistemas robustos e transparentes não apenas prestarão um serviço, estarão definindo seu poder monetário no século XXI”, acrescentou.
Além das conferências e palestras, o workshop incluiu a apresentação de trabalhos acadêmicos de diferentes universidades e entidades internacionais. Duas pesquisas uruguaias tiveram destaque especial. O trabalho “Towards a New Credit Evaluation in the Fintech Era: Foundations for an AI-Based Alternative Scoring Model in Uruguay”, de Noelia de los Santos e Joaquín Rubio, obteve o primeiro prêmio do encontro. Também foi apresentado “Tax challenges for Uruguay in the tokenization of natural resources”, elaborado por Melisa Ronchi, Flavia Fernández e Ana Laura Calleja.
Os debates foram complementados por quatro painéis temáticos, moderados por professores da FCEA — Gabriel Budiño, Jenifer Alfaro, Flavia Fernández e Inés Vázquez —, que abordaram questões-chave sobre moedas digitais de bancos centrais, finanças abertas e soberania monetária na América Latina. A isso se somou a conferência “Perspectiva tributária e contábil do Uruguai na economia digital e ativos virtuais”, ministrada por Diego Tognazzolo, que ofereceu uma abordagem local sobre os desafios fiscais e contábeis da economia digital.
O marco regulatório: certezas para investir
A representante do Banco Central do Uruguai, Patricia Tudisco, apresentou o que definiu em sua apresentação como um “mapa” do caminho percorrido e dos próximos passos na regulamentação dos criptoativos.
Sua exposição, A abordagem do Banco Central do Uruguai à regulamentação de criptomoedas, revisou um processo que começou em 2021, quando o BCU criou um grupo interdisciplinar para analisar o fenômeno dos ativos virtuais e seu impacto na estabilidade do sistema financeiro. Esse trabalho resultou na Lei 20.345, aprovada em setembro de 2024, que concedeu ao Banco poderes para regulamentar os prestadores de serviços de ativos virtuais (PSAV).
“Começamos com advertências ao público (...) depois entendemos que o Banco não tinha poderes suficientes e fomos atrás da lei”, lembrou Tudisco. Como consequência, em agosto de 2025, o BCU colocou em consulta um projeto normativo com requisitos de capital, segurança, governança e prevenção de lavagem de dinheiro para aqueles que operam com ativos financeiros digitais.
A verdadeira novidade, no entanto, veio no final de sua apresentação: o BCU propôs uma alteração legal em andamento para eliminar a atual segmentação entre ativos financeiros e não financeiros. “A diretoria enviou ao Ministério da Economia uma alteração legal para que o sujeito regulado seja todo PSAV, sem segmentação por objeto”, anunciou Tudisco.
Se aprovada, o Uruguai passará a contar com um marco regulatório integral. Isso permitirá aplicar a regra de viagem a todas as transferências, incorporar os emissores de stablecoins sob supervisão e alinhar-se com o princípio de “mesma atividade, mesmo risco, mesma regulamentação”. A mensagem foi clara: trata-se de fechar lacunas legais, responder aos padrões internacionais e consolidar o Uruguai como referência regional em matéria de regulamentação de criptoativos.
Um futuro aberto
Tanto Tasca quanto Tudisco destacaram que o Uruguai não apenas garante um marco estável e confiável, mas também se posiciona como um país disposto a assumir um papel central no desenho da arquitetura financeira regional.
“Quando se vem para investir, procura-se um marco legal claro e estabilidade. O Uruguai está no caminho certo”, resumiu Tasca.