Por que as startups olham para o Uruguai: uma plataforma confiável com talento e qualidade de vida para crescer na América Latina

No Sprint UY, 15 startups da Espanha, Argentina, Brasil e Estados Unidos conheceram em primeira mão por que o Uruguai se consolidou como o país mais confiável para fazer negócios em uma das regiões mais atraentes do mundo
Data de publicação: 22/10/2025
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A segunda edição do programa, promovida pela Agência Nacional de Pesquisa e Inovação (ANII) e pela Uruguay XXI, foi concebida como uma imersão intensiva no ecossistema de inovação uruguaio, voltada para startups estrangeiras que buscam se instalar, validar seu modelo e expandir regionalmente. Durante uma semana, os participantes visitaram empresas, laboratórios e zonas francas, participaram de workshops e apresentações e mantiveram reuniões com referências públicas e privadas do ecossistema empreendedor.

O objetivo foi aproximar as oportunidades reais que o Uruguai oferece para desenvolver negócios inovadores: um país estável, conectado e com políticas ativas para a ciência, a tecnologia e o investimento. Nas palavras dos organizadores, o Sprint UY visa “mostrar na prática o que os indicadores já refletem: que o Uruguai é um destino confiável para crescer e se projetar para a América Latina”.

A agenda incluiu boas-vindas e apresentação do ecossistema no Laboratório Tecnológico do Uruguai (LATU), visitas ao Parque Científico e Tecnológico de Pando, Zonamerica, Microsoft AI Lab, ATGen e Parque das Ciências; além de apresentações, workshops, instâncias de pitch e espaços de conexão com a comunidade local.

Na abertura do programa, o gerente de Investimentos da Uruguay XXI, Alejandro Ferrari, destacou que o país oferece um clima de negócios com regras claras e previsíveis. Ele ressaltou que no Uruguai prevalecem princípios de igualdade de tratamento para locais e estrangeiros, um mercado cambial totalmente livre que permite abrir contas em várias moedas e repatriar lucros sem restrições, e um quadro regulatório estável, independentemente das mudanças de governo.

Ferrari explicou que os regimes vigentes permitem que tanto multinacionais quanto startups se organizem com eficiência e se expandam de Montevidéu para a região. Entre esses instrumentos, ele mencionou as zonas francas, que isentam de impostos sobre a renda e as importações, bem como os benefícios de operar em portos e aeroportos livres, que facilitam a logística e a distribuição regional.

A isso se soma um marco especialmente favorável para as indústrias tecnológicas: as exportações de software estão isentas do imposto de renda, enquanto os acordos para evitar a dupla tributação e as baixas retenções do Uruguai tornam mais competitiva a exportação de serviços e o trabalho de equipes distribuídas.

O Uruguai oferece certezas: regras claras, estabilidade e ferramentas concretas para centralizar as operações regionais a partir de Montevidéu”, resumiu Ferrari, ao salientar que não é preciso esperar para ser uma grande empresa para se organizar a partir de um país que combina eficiência e projeção internacional.

O quadro geral foi completado com dois painéis no Cubo Itaú. Em “Do mundo ao Uruguai”, quatro residentes estrangeiros — os empreendedores argentinos Fernando Johann, CEO da TELL Toolkit, e Pablo Celsi, diretor sênior de UX da PedidosYa; a britânica Karen Higgs, CEO da Guru’Guay; e a empreendedora colombiana Johanna Merchán, CFO e cofundadora da Press StARt Evolution — compartilharam sua experiência de aterrissagem. A conclusão foi clara: a escala uruguaia joga a favor.

“No Uruguai, você está sempre a uma ligação de distância da pessoa de quem precisa. Esta semana, me reuni com três deputados e um senador em duas horas. Essa proximidade é impensável em outros países”, disse Johann.

Higgs acrescentou uma dimensão cotidiana que pesa nas decisões de médio prazo: “Termino de trabalhar às 17h30 e em 15 minutos estou na minha praia favorita em Montevidéu. Isso não tem preço e torna a vida muito mais agradável”. Merchán destacou, além disso, a segurança e a fluidez financeira: receber pagamentos dos Estados Unidos e ver o crédito na conta no mesmo dia.

O painel “Do Uruguai para o mundo” mostrou o outro lado: startups nascidas no território que operam globalmente. A CEO da Flokzu, Micaela Suárez, resumiu um intangível que se torna vantagem competitiva. “Quando dizemos que somos uma empresa uruguaia, a primeira coisa que recebemos é confiança. O Uruguai é visto como um país estável, com democracia plena e regras claras”, disse ela. Em sua opinião, essa reputação se baseia em talento heterogêneo, bom nível de inglês e fuso horário que facilita o trabalho ao vivo com os Estados Unidos e a Europa. Não é um dado menor para uma empresa que já atende clientes em 70 países.

Na área de ciências da vida, a CEO e cofundadora da Eolo Pharma, María Pía Garat, apresentou números que analisam os fundos. “Com 7 a 10 milhões de dólares, podemos realizar um estudo clínico de fase II; em outros países, esse valor mal dá para pagar a equipe. Essa eficiência surpreende os investidores”, revelou. A validação científica —publicação na Nature— e a possibilidade de estruturas híbridas (holding, propriedade intelectual e operação) reforçam a atratividade do país para a biotecnologia.

Da indústria criativa-tecnológica, Diego Lemos, fundador da Millsonic, valorizou o efeito “laboratório” de um mercado pequeno, mas exigente: “O Uruguai é um país pequeno e competitivo; isso obriga você a se mover rapidamente. Testar aqui é uma grande oportunidade antes de escalar para mercados maiores”. Paralelamente, ele destacou elementos concretos que sustentam a promessa: banda larga líder na região, estabilidade institucional e um ecossistema científico-tecnológico que possibilita colaborações com a academia, corporações e laboratórios.

Paralelamente, a experiência da semana mostrou uma característica cultural difícil de imitar: uma comunidade empreendedora próxima e colaborativa. Garat disse isso com clareza: “Nós nos conhecemos, compartilhamos experiências e nos apoiamos. Isso faz você se sentir acompanhado em um caminho que costuma ser muito solitário”. Em um país onde “tudo fica a 15 minutos”, essa rede encurta tempos, abre agendas e multiplica oportunidades.

O Sprint UY encerrou com a sensação de que o Uruguai não é apenas um bom lugar para se viver, mas uma plataforma confiável para crescer. Confiança internacional, talento com padrão global, regras claras, conectividade, vantagens fiscais e qualidade de vida confluem em uma equação que reduz riscos e melhora a execução. Para startups que querem conquistar a América Latina, a mensagem da semana foi direta: instalar-se no Uruguai é uma decisão estratégica.


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