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Dos acordos à ação: Uruguai e Chile promoveram a internacionalização das mulheres empreendedoras
Mais de 80 empresárias e empreendedoras de todo o país participaram do seminário “Mulheres líderes Uruguai-Chile: Capacidades para a internacionalização”
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Pela primeira vez desde a entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio entre o Uruguai e o Chile, ambos os países celebraram em Montevidéu uma jornada centrada no Capítulo de Gênero, um componente inovador que busca integrar a perspectiva de igualdade nas políticas de comércio internacional. Este capítulo, pioneiro a nível global, reconhece que as mulheres não têm acesso nem se beneficiam do livre comércio nas mesmas condições que os homens, e promove a cooperação bilateral para reduzir essas disparidades.
Nesse contexto, foi realizada a jornada “Mulheres líderes Uruguai-Chile: Capacidades para a internacionalização”, que reuniu representantes do governo, agências de desenvolvimento e promoção, instituições financeiras e mais de 80 empresárias e empreendedoras de todo o país. O encontro, organizado pelo Ministério das Relações Exteriores, pelo Instituto Nacional das Mulheres, pela Uruguay XXI e pela Subsecretaria de Relações Econômicas Internacionais do Chile, contou com o apoio da ANDE, ANII, INEFOP, LATU, BROU, União dos Exportadores, Correio Uruguaio, Dinapyme, ANTEL e OMEU,
em uma articulação interinstitucional que refletiu o compromisso conjunto de ambos os países com uma inserção internacional mais equitativa. “Para nós, este capítulo sobre gênero foi um ponto de inflexão”, afirmou a subsecretária de Relações Exteriores, Valeria Csukasi, ao abrir o encontro. “Pela primeira vez, um tratado de livre comércio reconheceu que as mulheres não se beneficiam do comércio internacional da mesma forma que os homens.
Se não criarmos instrumentos específicos, essas oportunidades não chegarão de forma igualitária. Este encontro é exatamente isso: uma forma de transformar as palavras do acordo em ações concretas”, disse ela.
Da Inmujeres, sua diretora, Mónica Xavier, destacou a importância da autonomia econômica e dos cuidados como pilares da equidade. “As mulheres continuam enfrentando barreiras de acesso ao financiamento, às redes de contato e ao tempo necessário para empreender. Precisamos de um país que garanta cuidados de qualidade, educação financeira e oportunidades reais. Só assim poderemos falar de desenvolvimento inclusivo”, enfatizou.
A diretora executiva da Uruguay XXI, Mariana Ferreira, destacou que o desafio da internacionalização feminina é tão grande quanto a oportunidade que representa. “Estamos convencidos de que as mulheres têm um papel decisivo no desenvolvimento exportador do país, mas sabemos que ainda enfrentam obstáculos adicionais”, afirmou.
Ferreira lembrou que, de acordo com o estudo elaborado pela Uruguay XXI em conjunto com a CINVE e a ONU Mulheres, apenas 6,4% das empresas exportadoras uruguaias são de propriedade majoritariamente feminina, e apenas 13% dos cargos de gerência geral são ocupados por mulheres. No entanto, acrescentou, a energia empreendedora está em crescimento: uma em cada cinco mulheres adultas está iniciando um negócio, e a participação feminina na atividade empresarial passou de 34,8% em 2019 para mais de 37% em 2024.
“Esses dados confirmam que há dinamismo, talento e determinação”, afirmou, “mas também que persistem lacunas no acesso ao financiamento, redes de contato e espaços de decisão. Iniciativas como esta jornada visam justamente transformar esses diagnósticos em ação: conectar apoios, compartilhar ferramentas e abrir oportunidades concretas de negócios”.
Em representação do país transandino, o responsável pelo Departamento Econômico da Embaixada do Chile, Andrés del Olmo, destacou o impacto do capítulo de gênero em números: “Desde sua entrada em vigor, as empresas lideradas por mulheres que exportam do Chile passaram de 159 para 229. É uma demonstração concreta do valor dessa cooperação”.
Visões que se complementam
De Santiago, a chefe do Departamento de Comércio Inclusivo do Chile, María Jesús Prieto, compartilhou as conclusões da sétima Radiografia da mulher exportadora chilena. De acordo com os dados, as empresas lideradas por mulheres representam 30% do total das exportadoras, mas geram apenas um quarto do valor exportado. “Mesmo assim, seu crescimento médio anual é maior do que o das empresas lideradas por homens e empregam o dobro de mulheres. Elas são um motor de mudança”, afirmou.
Prieto destacou ainda o efeito positivo do capítulo de gênero entre os dois países: o intercâmbio de bens e serviços liderado por mulheres cresceu 11,5% ao ano, com uma oferta que se diversificou de 370 para quase 500 itens. “Vemos um aumento sustentado nas exportações femininas para o Uruguai e acreditamos que o trabalho conjunto entre os dois governos tem sido determinante. As evidências mostram que as políticas de gênero no comércio funcionam quando há continuidade e cooperação”, afirmou.
Dos diagnósticos à ação
A parte prática ficou a cargo de Claudia Peisino, chefe de projeto da Uruguay XXI, que ofereceu um guia claro para quem deseja iniciar seu processo de exportação. Com uma abordagem didática, ela explicou as ferramentas da agência — como o Teste do Exportador ou o regime Tu Exporta — e enfatizou a necessidade de se preparar estrategicamente.
“As empresas que exportam são mais produtivas, inovam mais e geram empregos de melhor qualidade. O Chile, por sua proximidade cultural e logística, é um excelente primeiro destino”, disse Peisino, ao mesmo tempo em que destacou a importância do planejamento: “Exportar não é um salto no vazio, mas uma construção passo a passo, com informação, assessoria e confiança”.
Histórias que cruzam a cordilheira
A jornada também foi dedicada a conhecer três experiências uruguaias que já se consolidaram no Chile, demonstrando que as oportunidades são reais.
Antonella De Giuda, cofundadora da marca de trajes de banho MILO, contou como sua empresa passou da oficina local às vitrines de Santiago graças a uma estratégia de internacionalização que incluiu a abertura de uma filial e a aliança com um parceiro local. “O Chile nos recebeu de braços abertos. Encontramos um público muito parecido com o uruguaio, que valoriza o design independente. Em apenas dois anos, as vendas no Chile já representam um terço do que vendemos no Uruguai”, relatou.
No âmbito dos serviços, Silvia Iroldi apresentou a experiência da Umuntu, consultoria uruguaia especializada na inclusão laboral de pessoas com deficiência. Seu trabalho se baseia na formação de equipes e na eliminação de barreiras atitudinais e comunicacionais. “Incluir não é boa vontade, é planejamento. É preciso diagnosticar, formar, acompanhar e fazer o follow-up. Por isso, nossa metodologia também está sendo aplicada com sucesso no Chile, Peru, Colômbia e Equador”, explicou.
O dia foi encerrado com uma história que levou o conceito de exportação além dos bens e serviços tradicionais. Omaira Rodríguez, especialista em Indústrias Criativas da Uruguay XXI, apresentou o caso de Flor Sakeo, cantora e compositora uruguaia que, com o apoio da agência e do Prêmio Graffiti, viajou a Santiago do Chile para se apresentar na feira literária La Furia del Libro.
Rodríguez destacou que o caso de Flor foi um exemplo concreto de como a cooperação institucional pode abrir caminho para mais criadoras. “Na música, as disparidades de gênero são profundas: apenas 30% das pessoas que integram o setor são mulheres”, explicou. “Por isso, é fundamental que as instituições assumam o compromisso de impulsionar sua projeção internacional. O caso de Flor Sakeo mostra que exportar nem sempre significa vender produtos: também pode significar exportar talento, criatividade e cultura”.
A especialista relatou como a artista — vencedora do Graffiti de Melhor Solista Feminina — se apresentou pela primeira vez fora do país e obteve um impacto inesperado: sua música Canción para los planetas foi escolhida como tema oficial do evento, multiplicando sua visibilidade na mídia chilena e nas redes sociais. “Foi um símbolo lindo — contou Rodríguez —, porque essa música fala de força e fúria, e a feira se chamava justamente La Furia del Libro (A Fúria do Livro). A coincidência se transformou em uma metáfora perfeita do que significa abrir caminho”.
O caso, disse ela, sintetiza o espírito dessa cooperação: “Com o apoio adequado, as criadoras uruguaias podem derrubar barreiras, conquistar novos públicos e representar o país com sua arte”.
Uma aliança com futuro
O encontro foi encerrado com uma mensagem compartilhada: a cooperação entre o Uruguai e o Chile continuará se aprofundando por meio do Comitê de Gênero do TLC, que prevê novas atividades e um estudo conjunto sobre o potencial exportador feminino em ambos os países.
“Queremos que isso não fique em um único dia, mas sim em um processo sustentável”, resumiu Csukasi. “Quando as mulheres participam do comércio exterior, não só a economia cresce, mas também a sociedade”.