O Uruguai reafirmou sua liderança regional na XXVIII Conferência de Zonas Francas da Ibero-América

O evento reuniu em Punta del Este autoridades, especialistas e operadores de mais de 20 países, em um encontro que reforçou a posição do Uruguai como um país estável, confiável e competitivo para investimentos internacionais
Data de publicação: 26/11/2025
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Entre os dias 19 e 21 de novembro, Punta del Este se tornou o epicentro do debate internacional sobre o futuro das zonas francas. A XXVIII Conferência de Zonas Francas da Ibero-América, organizada pela Associação de Zonas Francas das Américas (AZFA) e pela Câmara de Zonas Francas do Uruguai (CZFUY), reuniu líderes, especialistas, operadores e autoridades de alto nível no Centro de Convenções de Punta del Este.

O encontro também colocou em destaque a solidez do regime uruguaio de zonas francas, um modelo com mais de um século de história que se consolidou como uma política de Estado e um ativo estratégico para a competitividade do país. Sua trajetória e evolução foram temas recorrentes nas intervenções de autoridades e especialistas, que destacaram o papel do Uruguai como referência regional em estabilidade, certezas e incentivos para o investimento.

A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente do Uruguai, Yamandú Orsi; da vice-presidente da Guatemala, Karin Herrera; do prefeito de Maldonado, Miguel Abella, além de autoridades nacionais, legisladores e delegações internacionais.

Uruguai: uma política de Estado que gera confiança e desenvolvimento

O presidente da CZFUY, Enrique Buero, foi encarregado de dar as boas-vindas oficiais e destacar a importância do momento. “É uma honra para nós sermos a sede deste congresso. Este encontro se insere nos primeiros 100 anos do regime de zonas francas do Uruguai, o primeiro da América Latina. Ele tem prestígio, é reconhecido internacionalmente e é um orgulho para os uruguaios”, afirmou. Buero lembrou que o regime se consolidou fortemente a partir da Lei 15.921 de 1987, que o transformou em uma ferramenta fundamental para posicionar o país “como um destino confiável e seguro para investimentos estrangeiros”. Sua contribuição atual, explicou ele, representa mais de 66 mil empregos diretos e indiretos, quase sete pontos do PIB e cerca de um terço das exportações nacionais. “É o resultado de uma articulação público-privada muito bem-sucedida e de uma política de Estado dos últimos 40 anos”, afirmou.

De Dubai, Mohammed Alzarooni, presidente da World Free Zones Organization, enviou uma mensagem em vídeo na qual descreveu as zonas francas como motores de inovação e desenvolvimento econômico, e dedicou um reconhecimento explícito ao Uruguai. “O Uruguai se destaca como um grande exemplo por sua história de 100 anos de regime de zonas francas, uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da economia do país”, disse.

O vice-presidente da AZFA, Carlos Wong, reforçou a dimensão regional do impacto. “As zonas francas na América Latina têm um impacto significativo em todas as nossas economias: no emprego, nas exportações e na atração de investimentos”, indicou. Wong destacou que o desafio atual é avançar em direção a estratégias de sustentabilidade e qualidade do emprego, e observou que as zonas francas devem continuar se integrando às cadeias de valor globais para sustentar seu papel transformador.

Uruguai em foco: 100 anos de regime e um olhar para o futuro

Um dos momentos centrais do encontro foi o painel “Zonas Francas do Uruguai: 100 anos como política de Estado”, que reuniu Alina Bedat, economista da Direção Nacional de Zonas Francas, Isabella Antonaccio, diretora nacional de Zonas Francas, e Ignacio Munyo, economista e diretor executivo da Ceres.

Lá foram apresentados os dados mais recentes do regime, que confirmam seu crescimento sustentado e sua contribuição crescente para o país. Bedat detalhou que o Uruguai conta hoje com quinze zonas francas autorizadas em oito departamentos e mais de 1.300 empresas usuárias, que em 2023 geraram cerca de 17.000 empregos diretos. A maioria desses postos, explicou ele, corresponde ao setor de serviços e está associada a pessoal jovem e altamente qualificado: seis em cada dez trabalhadores têm formação terciária ou superior, e os salários médios rondam os US$ 4.500 mensais.

Além disso, destacou o peso do regime na dinâmica econômica. Os investimentos ligados às zonas francas ultrapassaram US$ 1 bilhão em 2023 e o valor agregado e as exportações continuam crescendo, com uma contribuição superior a 6% do PIB.

Antonaccio, por sua vez, enfatizou que o sucesso do regime uruguaio se explica por uma combinação de estabilidade do país e capacidade de adaptação. Ele observou que os investidores estrangeiros entrevistados pela Uruguay XXI identificam a estabilidade institucional, macroeconômica e jurídica como o principal atributo do país, seguido pelos incentivos que o Uruguai oferece para a implantação de investimentos. “Temos um regime que soube evoluir: incorporou serviços globais, tecnologia, data centers, comércio eletrônico transfronteiriço e novas atividades que antes não existiam. O mundo muda e o regime deve se adaptar para captar novas oportunidades”, afirmou. Ele ressaltou que os desafios atuais passam por fortalecer essa flexibilidade e antecipar onde estão as novas oportunidades de negócios e investimento para o Uruguai.

A participação da Uruguay XXI teve um papel de destaque ao longo de toda a conferência. Sua diretora executiva, Mariana Ferreira, moderou três sessões paralelas sobre temas estratégicos: comércio eletrônico, cadeias de suprimentos e fatores de localização para investidores em zonas francas. Todas elas reuniram referências de empresas líderes como Mercado Libre, TiendaMia, nocnoc, Merck, McKinsey, Xtrategy US e IDS, e permitiram analisar tendências e oportunidades para o Uruguai em um contexto global em reconfiguração.

Ferreira também integrou a mesa redonda “Drivers para a captação de investimentos em Zonas Francas”, moderada por Luiz Ros, representante do BID no Uruguai, junto com líderes da República Dominicana, Costa Rica e Colômbia. Nesse espaço, ela destacou a força do país como destino para projetos de longo prazo.


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